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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pista de Dança:

A moreninha me disse que dançava.

E eu, a essa altura da conversa, já dançava faz um tempo, errando meus passos na dança que era a minha fascinação por ela.
Dias antes desta conversa, eu reclamava comigo mesmo do silencio em que havia se tornado minha vida amorosa.
Desde a minha ultima grande paixão - que havia sido como um carnaval seguido de feriado prolongado na Bahia, com resultados catastroficos para a cidade - eu não sentia algo como o que senti com aquela moreninha.
Ultimamente só passaram bailes funk pela minha vida: duravam pouco e balançavam tudo.
Ou como Raves: era tão intenso, tão vibrante, tão constante, que acabavam de repente, e eram como se nunca tivesse existido.
Em suma, não haviam mais festas em minha vida. Eu tinha fechado o salão para balanço emocional. E não andava interessado em abri-lo novamente tão cedo.
Na verdade, fazia um tempo que eu espereva reabri-lo. Mas eu estava à espera de uma boa dança, uma festa inedita, menos barulhenta, para esta reinauguração.

E então a moreninha surgiu e me disse que dançava.

E eu vislumbrava os paços de dança cada vez que olhava naqueles olhos cor de café, cor do taco da pista de dança, cor daquela moreninha.
A essa altura da dança, eu percebi que a minha pista já havia sido invadida. A musica tocava, o compasso ia e eu, perdido, desorientado, tentava acertar algum passo no meio de toda aquela fascinação que me envolvia. Mas não conseguia.
Corpo duro que sempre fui, desengonçado, só conseguia marcar o ritmo com os pés com precisão. Todo o resto me era arruinado pela minha eterna falta de habilidade social-coordenação motora.
Pra nossa sorte - porque a moreninha certamente seria atropelada pela minha inabilidade - eu dançava sozinho. E apos um breve tempo, percebi que meus passos errados naquela dança não me importavam: eu dançava à minha maneira, e me soltava, e gostava.

E a moreninha também dançava.

E eu dançava em volta dela. Ainda danço em volta dela, perdido que fiquei no olhar que ela brevemente lançou para me seduzir, e que depois desviou.
Mas meus passos erraticos ora me aproximam, ora me afastam dela.
E entre um passo e outro, vejo se dá pra manter minha pista aberta do jeito que está, ou se ainda terei que fecha-la novamente, para algumas reformas ainda necessarias...

Eu e a moreninha que disse que dançava.

Enquanto nada é certo, e meus passos seguem incertos, dançamos.
Não os mesmos passos, nem a mesma dança.
Mas, pelo menos, a mesma musica.
E seja ela qual for, nenhuma musica toca para sempre...

J2ML

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Casais (3)

Era uma cena interessante, mas muito sutil pra ser percebida.
Era um casal se despedindo. O rapaz ia embora, enquanto a moça ficava na plataforma.
Uma despedida meiga, silenciosa, os dois trocando sinais na distancia. Um dentro do veiculo, o outro do lado de fora aguardando a partida que aumentaria aquela distancia entre os dois.
Nisso as portas se fecham e o veiculo parte. O casal se despede uma ultima vez conforme a distancia e a saudade aumentam.

A cena interessante vem depois disso.
O rapaz, meio emocionado, resolve se sentar após não poder mais ver sua amada. Senta-se de um lado do veiculo, segura as lagrimas e se recompõe aos poucos. Os outros passageiros perceberam a cena, mas não mais se importaram e esqueceram-na durante o restante da viagem.

Mas não a menina que se sentou do outro lado do corredor, paralela ao rapaz. Ela acompanhou toda a cena da despedida, e após ela ainda ficou a observar o rapaz por um tempo, discretamente.
Ela viu a cena toda e deu pra perceber o que ela sentiu: Após observar a despedida, o casal, a reação do rapaz, a menina adquiriu uma expressão triste. E abria o celular, observava as ultimas mensagens, verificava os telefonemas recebidos e perdidos.
Depois d e verificar o celular, a menina pegou na pulseira que ela tinha. Era daquelas pulseiras de metal que levam as iniciais dos namorados gravadas em letras douradas. Ela olhava para uma das iniciais com atenção, depois disfarçava e mexia a pulseira de um lado para o outro. Depois de um tempo, dava para perceber que ela também estava contendo o choro. Os olhos estavam vermelhos, e ela inutilmente disfarçava...

Dois lados do mesmo veiculo. A mesma reação para uma cena, causada por motivos diferentes.
A menina talvez não estivesse vivendo um bom momento, e tivesse passado por uma pontada de inveja ao ver o casal se despedindo.

Por que estou sendo pessimista? Talvez fosse o contrario. Talvez a menina estivesse feliz por estar indo encontrar o seu rapaz, e enquanto ela via um casal se separar, imaginava o casal que iria se unir em breve...

Mas a sutileza da cena me fascinou. E eu me perguntei porque fui capaz de percebe-la. Seria uma capacidade maior em perceber o meu redor? A necessidade de distrair meus pensamentos e minhas frustrações bservando a vida dos outros?

Ou seria apenas o fato de eu não desejar mais ninguém?

J2ML

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Buraco sem fundo?



Porque não vejo final nessa queda constante...

Ou será que estou subindo, e não caindo?
Algumas coisas perderam seu sentido.
Alguns conceitos se destruiram.
E foi bom ver que coisas que se diziam absolutas não passavam de mascaras de aço e ouro...
que derretem sob o constante fogo da contestação e do ceticismo.

Mas até onde essa fornalha me levou?
Abriu um rombo no chão, fundindo o universo que foi construido ao meu redor.
Derreteu estruturas que sustentavam um mundo pra mim...
(que na verdade nem existia)

Não sou Deus para provocar um Big Bang, ou criar outro mundo do nada.
Tenho os restos do anterior ao meu redor ainda...

Teria que aproveitar o calor desta fornalha.
Usar de minhas noções metalurgicas, siderurgicas.
Fundir e trabalhar um novo metal.
Usa-lo para estruturar um mundo mais adequado, mais resistente, à realidade que destruiu o anterior...a realidade que eu trouxe para ele.

O calor dos auto-fornos me fascina.
Eu irei reconstruir meu mundo.
Mudo-o.
Mas aproveitando os restos do anterior.
Reciclagem?
Não.
Simplesmente, não há mais peças sobresalentes.

J2ML

Outro ainda sem titulo:

Hoje eu acordei sem sonhar. Passei a manhã sonhando com você. Sustentei você como fragil que é. Coloquei sobre a mesa e vi que recomeçar era preciso. Removi tudo o que você não podia dizer.

Deixei muda e sem ar. Eu queria te afogar... em apixão e carinho.
Agora sei que é necessario umidecer para que no futuro esteja solido.

Quero poesia verdadeira! Só o que seu coração puder doar, quero seus sentimentos. Não o girar do seu ventre nem o movimento das suas roupas... Bem, quero. Quero por completo. Brigo com seus botões. Digo o quanto uqero saber o que guarda em seu peito.

Esse maor e lugar que promete?
Um sorriso descrito em azul
A imagem que não sai dos meus olhos
O tom da sua voz.
O rodopio apos a distancia.
A saudade de dois apaixonados.
as afirmações de um reles escritor
um sonho jogado pela janela.

Será que sou eu caindo em mais um delirio?

Eu vi e vejo o que sujo. Minhas mãos estão cheias de pó. Seu pó.
O que resta é a suplica poelo perdão.
Não!
Hje, sem perdão, tanto para mim como para você.
O que eu quero dizer?
O que eu quero dizer...é.

Um dia eu vou te esquecer. Por isto, hoje eu quero amar apenas você.
Olha os pedaços. Olha quantos pedaços.
Seus cabelos acompanham seu olhar.

"Hoje passei a manhã sonhando com você. Imaginando..."
"Vem me dar seu abraço mais apertado..."

Diz o quanto do seu jeito é claro. Os tambores soam e ressoam nessa nossa dança de distancia e espera.
Agora nem eu consigo tirar você desse banho... e depois, o que foi dito e feito, tudo é inesperado...
Esses pedaços vão tornar-se algo novo: "um" de novo e um "mesmo" novo.
O futuro está sobre os nossos sonhos e ideais, ou melhor, meus.

E você, minha unica ignição, meu oxigenio diario de vida.

Eu quero te ter e ver pronta.
O seu palpitar e olhar voltados para um alguem tão semelhante e igual aos meus olhos.
Você é a minha primeira e unica. "Nossa" para minhas ideias.

Que Deus seja Louvado,
Porque hoje vou imita-lo.

D'Óculos

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sem Titulo



Estava meio preocupado

descontente
mas no outono em baixo de uma arvore
amarelada eu
deparei com as nuvens alaranjadas do cair da tarde
o crepusculo a minha esquerda
brilhava e reluzia em vc
criando uma atmosfera tranquila e
afavel e ao fundo o som vibrante
acariciava nossos ouvidos
o sibilar de um violino
o vento agora não soprava tão forte
mas seus cabelos balançavam
num ritmo suave
mas ainda assim eu fechava os olhos
acreditando ser só mais um sonho
ai eu sorri e disse que vc
era linda
mas naum era vc
era apenas mais uma de minhas folhas
cheias de rabiscos...

domingo, 26 de abril de 2009

As coisas mudam mesmo...

É estranho como as coisas mudam mesmo,
e no fim tudo fica meio sem sentido.
Nada fica como está.
Tudo mudou de lugar.
Não sentamos mais nos mesmos bancos.
O que conversavamos não conversamos mais.
Os jogos, as brincadeiras, as horas de diversão,
perderam sua graça.
Ganharam em conflito, em disputa.
Os amigos deixaram de ser.
Alguns se tornaram irmãos.
Outros, o triste inverso.
A moreninha que eu gostava,
agora está loira, custei a notar,
isto porque não gostava mais.
As coisa mudam, eu disse.
Mas as coisas que diziam,
as crenças que pregavam,
me dão sono, quando eu não lhes dou as costas.
Nunca foi calmo, nem tranquilo,
mas a brisa era leve, a chuva caía
e eu não ligava em ficar molhado.
Hoje faz calor.
E venta forte, na mesma direção
e nada mais me prende.
É hora de partir.
A unica coisa que faz sentido agora.
E está tudo ainda meio estranho mesmo.
Estranho o que deixo para tras.
Estranho o que vai à minha frente.
Estranho o que levo comigo.
Só não é estranho mudar.
E as coisas mudam mesmo...

J2ML

Por que...?

Por que não entendo como...?
Por que não consigo...?
Por que não posso...?
Por que você...?
Por que é...?
Por que foi...?
Por que nós...?
Por que eu e você...?
Por que quisemos...?
Por que queria...?
Por que perdemos...?
Por que não...?
Por que tudo tem que ser tão...?
Por que acabar...?

J2ML

sexta-feira, 24 de abril de 2009

É impressão minha...

...ou temos escrito aqui abaixo de nossas capacidades?

Sei lá... às vezes quero escrever algo maneiro. Vem uma idéia ótima na minha cabeça, mas aí quando passa pra cá, afunda...

Sou só eu?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Já que liberaram...

...Vamos ao que consideramos importante num conto erotico:

Tanto eu quanto o JM achamos que não há graça, sentido ou ração em se esxplorar até o extremo as sensações sexuais num conto. Erotismo é mais do que isto. E também é menos do que isto. É saber lidar com o que dois seres (ou mais, ou menos) estão pensando, sentindo e fazendo no momento determinado pelo conto. É mostrar que muita coisa continua ocorrendo enquanto dois seres desligam tudo à volta deles e criam um mundinho privado e efemero para melhor se apreciarem.

A velha fronteira entre o erotico e o pornografico. A discussão entre eros e venus. Passamos já muitas vezes discutindo quais seriam seus limites. A conclusão não se realizou. O fato que historicamente aprecio a literatura erotica, pela utilidade que ela continha, mas que desprezo sua produção, inclusive nos ultimos 100 anos. Pouco dela se salva. Quanto à literatura erotica, esta se perdeu entre a pornografica e perdeu nisto seu total senso de identidade. Sobra dela algo nesses romances baratos que temos por aí, mas também tenho ganas de chegar perto deste tipo de literatura também. Ser romantico foi uma saida que muitas vezes acabamos por usar, para evitar cair naquilo que eu considero um pouco (e JM mais do que eu...) um dos males de nossa era: a banalização do sexo. Uma saida que não podemos, nem gostamos, de usar sempre.

Entrar em assuntos deste tipo levaria a muitas divagações. Mas o que interessa aqui é dizer que importa mais o humano, e menos o instintivo. O que não quer dizer que eu não vá cruzar essas fronteiras que eu delimitei... se achar necessario entro em outras terras para concluir o que pretender passar.

Ainda uma ultima coisa: Não servimos de exemplo. Aqui ninguém é lider, guru ou heroi. Quer erotismo na sua vida? Deslique seu pc e vá viver. E não leve nada tão a serio, se não for assunto serio. Erotismo depende muito de saber brincar. E saber brincar é saber que diversão tem sua graça, seu riso e também seus micos, suas bobeiras.

Acima de tudo, isto é ser humano.

Não crio normas. Isto porque não as seguiria, provavelmente. Mas aí vamos. Ou não...

Nino Srat

sábado, 11 de abril de 2009

Aos que pedem meus contos eroticos de volta...

...mas eu sempre dou um jeito de frustrar suas espectativas né?

A troca de olhares era uma constante: se olhavam, prendiam-se um nos olhos do outro por alguns segundos (não mais de 3...) e viravam o rosto. Ela sorria bem de levinho ao fazer isso. Ele baixava a cabeça; às vezes corava, outras esboçava um minimo sorriso.

As mãos se buscavam cegamente. Se encontravam, se soltavam, andavam às voltas uma tentando chegar ao corpo da outra por outros segundos e se separavam.

A atmosfera de desejo era evidente. O modo como os dois mantinham o jogo de esconde-e-mostra com seus desejos um pelo outro chegava a ser infantil. Eles queriam ir uma ao outro, estar um com o outro. Ser um no outro...

Ah, mas era hora do café da manhã, em plena segunda-feira... Paciencia.

J2ML
P.S.:Deixem para o Nino, ele está liberado para escrever o que ele queria faz tempo...

fast forward

A vida tem sido uma correria que só e eu não consigo mais achar tempo para nada E ainda tento escrever nisot aqui uma vez por semana mas tá ficando cada vez mais impossivel e esse stresse que toma minha alma a cada dia e eu não durmo mais direito e nem consigo mais raciocinar com calma e as coisas seguem assim e vão aumentando até o ponto em que nada mais consegue ficar parado e eu tenho um monte de coisa pra resolver assim sem pensar só correndo só frase sem pontuação e pensamentos jogados diretos na folha como se fossem vomito e que egoismo é esse que ninguem mais para um segundo da vida sequer nem mesmo para ler o blog dos outros e o que vai ficando para tras são nossos sonhos nossa juventude nossa vida e tudo o mais vai sendo tragado e engolido nesse mundo que só pensa em ficar cada vez mais rapido e sem nunca parar para descansar e apreciar o sol a chuva a lua e as estrelas as pessoas que passam apressadas na minha rua e as coitadas das ciranças que ainda não forma pegas por essa maldição que a triste de nossas vidas que um dia irá terminar aqui e estaremos tão preocupados com outras coisas que provavelmente seremos avisados de que estamos mortos e agora meu tempo aqui também acabou que eu tenho outras coisas para fazer mas tá dificil até mesmo por o ponto final J2ML

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Em tempos de crise de crédito...

Em tempos de crise de credito, nada mais certo do que falar em cofre.
Todo ser humano economicamente ativo pensa logo de cara em poupança para essas situações.
Na manhã de um dia destes, fui obrigado a pensar em poupança, durante quase toda a manhã.
Não exatamente em poupar, mas no cofre em si.
Um cofrinho.

Nunca gostei de usar uniformes escolares. Só percebi isto depois que terminei o colégio e fui parar numa faculdade. Foi um impacto muito forte quando vi um patio de Campus cheio de tipos diversos de moda. Eu não tinha noção de qual era meu estilo de vestuário até ver todos aqueles seres desfilando suas adaptações de estilo e personalidade nos patios das faculdades (tá certo que alguns já davam a definição do grupo em que andavam, do que faziam, qual curso preferiam, que especie de entorpecente traficavam, quando iriam largar os estudos, etc. através do estilo de vestuario, mas...).

Não fiz moda, graças... Na verdade tenho neura com essas frescuras de tendencia, ultimo tipo e aquelas babaquices de "todo mundo tá usando". Papo de rebanho, eca... Aguns estilos eu até gostava, apreciava. Descobri nessa epoca que mulher fica, alias, bem em qualquer estilo, se souber se arrumar; aí descobri também que tem mulher que não sabe mesmo se arrumar.
Homem só segue a mudança de estilo. Acho que nem percebemos quando mudamos a roupa. O interesse em nós deve falar mais alto, discutindo com a comodidade em altos brados quando o caso é roupa pra vestir (eis a necessidade que temos de mães, irmãs, namoradas, amigos gays(?), pra escolher roupas...).

Pouco depois da minha entrada no ensino superior, e da minha adaptação aos desfiles e mudanças constantes de moda, surgiu uma moda estranha; uma moda que unia tendencias de vestuario com tendencias de comportamento. Era a moda do Cofrinho: as pessoas agora deixavam as calças propositalmente baixas para aparecer o cofrinho.
Isso era uma coisa costumeira masculina, no meu ponto de vista. Entre homens isso chegava a ser normal de se ver, ainda mais tendo amigos que passavam um pouco do peso; mas a gente nunca prestava atenção nisso. Era cofrinho de homem. Era feio. No máximo uma zoação e só, ou um aviso ao colega pra apertar o cinto...

Mas em mulheres eu no principio achei meio repugnante. É diferente, e eu não conseguia apreciar essa moda. De certa modo ela sempre existiu, desde que elas começaram a usar calças, porque sempre tinha algumas que deixavam aparecer quando se sentavam ou se agachavam. Mas o que aparecia era a calcinha, sempre a calcinha. E essa, pra mim, era a graça; havia algo a observar, apreciar: a cor, o tipo, o tecido, a calcinha em si chamava a atenção tanto quanto a dona. O campo para imaginar coisas era maior. Ainda havia uma barreira no caminho que, não transposta, nos permitia inumeras conjecturas.

Aí vem a moda do cofrinho e arrasa esta barreira. Põe por terra, ou melhor, some com ela. Passou-se a ver diretamente atraves dela. Fim da graça (Pareceu até teologia essa frase...).
E eu nunca achei legal ver direto o principio da bunda da mulher. Nem pela marquinha de bikini que ela deixava aparecer (que foi a moda seguinte, aliás). Pra mim ainda parecia com a bunda de homem (na verdade, pra mim, era a calcinha que fazia o diferencial todo da cena). Não havia nada de novo que eu pudesse acrescentar ao repertorio erotico da humanidade (uau, essa agora...).

Mas o que ocorreu neste sábado, então? Pois bem, voltemos.
Eu faço um cursinho durante a semana, de lingua estrangeira. Sempre faço algum. Gosto dessas coisas, um pouco por ter a ver com meus estudos. Um dia desses eu chego, como sempre, atrasado uns 10 minutos. Nunca chego antes ou na hora certa. Assim é mais facil achar lugar, porque não tenho que pensar muito, é só ir e sentar no lugar que eu achar de cara. Fiz isso.
Sentei, arrumei minhas coisas, larguei a mochila, tirei o caderno e me arrumei na cadeira. Aí eu vi.
Vi o cofrinho.
Vi um belo cofrinho.
Vi um pequeno, simples e belo cofrinho. E fiquei vendo acho que por alguns minutos até me tocar que não era bom eu ficar tanto tempo olhando para ele.
A dona do cofre era bem bonita. Gostei dessa ultima sala de curso porque tinha uma quantidade mulheres bonitas de diferentes idades. Essa era nova, uns 20 anos. Tinha ido naquele dia com uma calça jeans de cintura baixa, e embora não fosse seu melhor atributo, tinha uma bonita bunda.
Tá, mas isso naquele momento não me vinha ao caso. Já disse que não fui fã dessa moda de cofrinho, e a primeira reação racional que tive foi desprezar aquilo que eu via. Virei então a cara e procurei prestar atenção na aula.
E eu conseguia? Nada. Aquele cofrinho estava convincente demais. E a dona dele parecia que queria insinua-lo, constantemente mexendo o traseiro na cadeira.
Juro que era demais. E creio que ela fazia sem querer. Mas aquilo tomou minha concentração. A aula era o cofrinho. O professor era o cofrinho. O tema era o cofrinho. E só o que ficou na minha mente foi o cofrinho.

Nossa...mas que cofrinho era.

E que aconteceu? Aconteceu que ao final da manhã a aula acabou, e como no fim de um pregão de bolsa em queda, eu vi aquele cofrinho sumir quando sua proprietária o sacou ao erguer os fundos da carteira.
Naquele momento, percebi que deveria começar a ser menos restritivo quanto às minhas opções de investimento.
Afinal, estamos em crise. Melhor é aproveitar e encher o cofrinho.

Nino Srat

quinta-feira, 19 de março de 2009

Casais (2):

Queria falar sobre um casal que vi anteontem...

Casal, não. Na verdade, eram 3 pessoas.

Um homem, uma mulher e uma criança.

Aliás, desconsiderem...vou falar só da mulher.

Era negra. Uma daquelas negas bem bonitas, que só se encontra aqui no Rio.
De corpo forte, usava uma roupa bem leve pra compensar o calor que fez esses ultimos dias.
E um grande barrigão de grávida.
Uma barriga imensa. Devia ter cerca de uns 8 meses pelo tamanho.
E a barriga ficava toda de fora da roupa. Chamava uma atenção absurda aquela mulher.
E ficava bem ser negra daquele jeito. Fosse de cor clara, ela não iria chamar a atenção que chamou. Ou não ficaria tão bonita expondo a barriga daquele jeito.

E o homem, do lado dela, era só papel coadjuvante.
Nem isso. Coadjuvante era o bebê na barriga. Ele fazia figuração, isso sim.
Só falava uma coisa com ela, vez ou outra, e botava a mão na barriga dela. Mais nada.

Ela quase o ignorava de tão ocupada que estava em desfilar sua barriga.

E ela agia com pose.Aquela mulher mostrava que estava absurdamente orgulhosa da barriga que levava. Ela olhava pros outros encarando, empinando o rosto e a barriga. Fazia questão de mostrar e apontar aquele corpanzil que ela passou a ser para todos que olhassem na sua direção.

Eu admirava a cena um pouco proximo. E ela percebeu.
Mas nem se importou. Ela na verdade devia querer isso. Que a admirassem em sua situação atual.
Ela devia querer muito aquela criança...

Essa cena não durou muito. O metrô chegou, e lá foi ela com aquele barrigão, e o figurante do homem logo atrás.

Como deve ser a sensação materna?
Fiquei com essa inveja na minha mente...

J2ML

Libertando...(1)

Eu entrei numa fase de me livrar de várias coisas que me travavam.
Essa fase não acabou. Tá.

Mas ela já começou faz quase 2 anos. E eu lembro bem.
Lembro porque foi quando eu comecei me livrando de uma coisa que me torturava, me atormentava fazia muito tempo, e eu nem havia percebido.

O tempo. O tempo me controlava.

Nem sei quando começou isto. Ele, o tempo, foi se apossando de mim aos poucos. Era tempo pra fazer uma coisa, tempo pra ir em algum lugar, tempo pra começar e terminar tudo o que eu fazia.

E era tudo organizadinho, tudo certinho. Eu vivia consultando o relógio, capataz do tempo, que me controlava através do seu posto, no meu pulso (celular pra mim nunca serviu pra consultar as horas...), e me dizia quando o tempo de uma coisa havia terminado e outra coisa deveria começar.

Mas aí você pode dizer que isso é ser disciplinado, organizado. Nada. É o contrario. Gente perdida é que tem que consultar as horas o tempo todo.

Sim. Eu andava perdido, naquela epoca. Confesso que em alguns pontos eu ainda não me encontrei (e na verdade duvido que irei me encontrar totalmente...). Mas o tempo é quem me fazia continuar perdido. O fato de estar constantemente preocupado com o tempo me fazia ficar distraido com o que o tempo não me mostrava:

A vida passa, mas não avisa que está passando...

Ela só avisa quando já passou.

Eu custei a perceber isso. E quando percebi, custei a perceber a causa do problema. Custei a parar de contar o tempo das coisas.

Eu lembro que um dia eu estava andando na rua sem nada pra fazer, e olhei as horas, no relogio.
Naquele dia - só pra perceber como eu estava acorrentado ao tempo - eu levava o relogio no bolso. A pulseira havia quebrado, mas pra continuar escravizado, eu levava meu capataz no bolso... Eu queria urgentemente saber as horas naquele dia, naquele momento. Pra quê?

Pra nada. Não tinha mais nada pra fazer. Só queria saber as horas porque queria saber o que o tempo teria pra me mostrar. Como ele me controlava, eu não via nada ao meu redor além dos seus segundos, minutos, horas...

Mas naquele momento, eu não conseguia encontrar o relogio... o bolso da calsa era longo, e tava tão cheio de bagulhos (gosto de ter as coisas no bolso, pra pegar rapidamente) que foi dificil encontrar o relogio.

Só que eu senti uma luz imensa, forte, amarela, invadir o espaço onde eu estava...

Era o Sol. Grande, quente, avisando que ia se por.
Foi o primeiro por-do-sol que eu pqrei para apreciar em muitos anos...
Naquele momento eu me toquei que não precisava mais do tempo. Era só apreciar mais o que havia em redor, o que eu tinha que fazer ou o que eu gostava que eu teria a noção do tempo...

E eu apreciei aquele por do sol, então.

Aí encontrei o relogio. Mas já não precisava saber as horas. Eu já sabia quais eram.

O relogio parou no lixo.

Começou minha fase de libertação.

J2ML

P.S.: Viva la revolucion!
Trilha Sonora? Hummm... Break Down Again - Tears for Fears.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Terça de Carnaval no fim:

Já ia alta a noite.
A cidade ainda acesa,
Luzes por toda parte,
Contraste com a noite nublada.
As mãos da menina deslizavam
pelo pescoço do rapaz.

O escuro quase não existe,
Tão elétrica a cidade é.
Aparentemente cheia de vida,
Pierrôs, Colombinas, Ilusões.
E as mãos da menina deslizavam
pelo pescoço do rapaz.

Vida e Morte na festa.
Claro e escuro.
Dia e Noite.
O passista, o mendigo,
Ultima noite de Carnaval.
E as mãos da menina deslizavam
pelo pescoço do rapaz.

Fim da terça-feira de Carnaval.
Vem a quarta-feira de cinzas,
com suas ressacas,
seus corações partidos,
reflexos da realidade refletidos
na janela de um vagão de metrô.
E as mãos da menina deslizavam
pelo pescoço do rapaz.

J2ML

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tomates:

Assim que quer, assim será
Eu vou pra não voltar
Toma este anel que é pra anular
O céu, o sol e o mar
Eu não queria ir assim
Tão triste, triste...
Vem dizer adeus ao que restou
de quem um dia foi feliz

Há de encontrar um encantador
Um novo ou velho amor
Vai te levar leve a vagar
Prum lar de fina-flor
E você vai ser mais feliz
Longe de mim...

Por isso eu vou
mas não me peça pra amar
outra mulher que não você
Vou, mas não me peça pra amar
outra mulher que não...

Sei que seu fel fenecerá
Em nome de nós dois
A chuva do céu se encerrará
Pra ver nosso depois
Como vai ser ruim demais
Olhar o tempo ir sem
Ver os seus abraços, seus sorrisos
ou suas rimas de amor.

D'Óculos

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Rascunho:

Era um alvo fácil.
Simples, limpa, pura.
Ela apenas esperava algo que a preenchesse.
Desejava algo que fizesse sentido à sua vida.
Alguma coisa que servisse para passar uma mensagem, talvez...
Ela só aspirava um futuro melhor.
E quando apareceu aquilo, pensou que seria ele.
Foi levada a crer nisso, e se entregou toda a este objetivo.
Mas não deu, ele errou.
Ela assustada nada pôde fazer.
Foi amassada, rasgada...
E lançada ao lixo.
Crime passional.

Nino Srat
P.S.: Sem corzinha frufru...

O Divagar de uma folha branca:

O que eu queria te dizer...
Saiba que um ideal é nescessário
e seu olhar é um diário.
Porque suas verdades são mutantes.
Suas imagens são um bom tranquilizante.
Sussurre seu segredo para mim.
Derrame suas exclamações!
Inspire-se a dizer aos olhos deles
que você é melhor.
O que quer dizer?
mostre para meu corpo o que sabe.
de tom para poesia e um sorriso esfumaçado.
faça ela andar sobre nuvens e sorrir.
faça eles lembrarem do que perderam.
cria beleza para tornar-me diferente.
Eu sei dizer.
Mostra o quanto nos amam.
Ele nos ama.
Digo e diga: Amo você.
A infinidade de estar a frente de você.
Eu quero mais tinta!
...para marcar-nos aqui,
neste alvo tecido.

D'Óculos.

P.S.: Ame-os como a ti mesmo.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Eu tava passando...

Eu tava passando... Aí percebi.
Percebi que a gente vive passando por muita coisa.
Mas não percebemos quase nada.
Muita coisa é largada como meramente casual.
Ou simplesmente ignoradas...
Saquei ali que muita coisa fica passada mesmo.
E talvez devam até ficar.
Mas será que não deixamos passar muita coisa importante?
Sei lá... Como disse eu tava passando... aí percebi.
Percebi que tinha passado tempo divagando sobre passar...
E deixei o tempo também passar.
Passou...
Eu passo.
O pensamento.
Passo também o ponto.
Estamos todos, afinal, de passagem.
( e isto não foi nem pergunta retorica nem debate teologico...)

Nino Srat

Trilha Sonora: Passing By - Zero 7.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Casais (1):

A cidade vive cheia de gente circulando.
Todos ocupados, atarefados, desligados.
Cada um cuida de sua vida. Ninguém mais presta atenção ao seu redor.
Os casais são uma leve quebra (existem outros também...) dessa rotina.
E quando não estou suficientemente preso à rotina da cidade, me deixo também levar por essa leve quebra...
Entra um certo voyeurismo de minha parte, mas acho interessante observar casais que andam despreocupados com a rotina da cidade, também ignorando as vidas à volta deles, apenas desfrutando um momento a dois (porque um bom voyeur sempre se mantém fora do objeto que ele observa).
E as reações, os gestos, os movimentos, a graça com que atos e situações surgem e levam aquele par a agir e reagir conforme tudo acontece ao seu redor mantém uma aura de mágica que me fascina, algumas vezes.
Não lembro quando comecei a prestar atenção nisto. Sei que nunca senti nada além da curiosidade e o desejo de satisfaze-la em observar pares nas ruas. Fica também uma ansia de que aquilo jamais se desfaça, de que meu objeto de observação seja sempre feliz.
Eu quis fazer uma introdução explicando escritos que virão a seguir...
Estranho ou não, não me importa.
Eu apenas observo.

J2ML

Inconstancia (I):

Já não sinto o que antes sentia.
A lembrança não mais me comove.
Não mais desejo, o tempo se foi.
Passou...

Não estou certo quanto ao que sinto.
A presença ainda me causa um tremor.
O coração acelera quando percebo...
A alma ainda mostra alguma reação.

Passou... e ainda fica.
Por que algo tem que sobrar?
Por que algo faz marcar?
Por que passa... mas fica?

J2ML

Desejo:

Desejo.
Desejo de volta.
desejo na minha vida,
reviravolta.

Desejo boca.
Desejo pele.
Desejo o olhar,
a repousar.

Desejo junto a mim.
Desejo a respiração.
Desejo beijos,
e o resto da minha vida.

Desejo, e tanto
que tudo o que vejo
acaba sumindo...
Vira desejo.

J2ML

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Aos Inspirados, um lembrete:

A musa real, a musa viva,
Musa de carne e osso,
Pode ser qualquer uma.
Pode não ser ninguém.
Sua inspiração dura o tempo que durar.
Essas musas são frageis e imperfeitas.
Musas cheias de defeitos, falhas.
Inspiradoras que cometem erros.
Erros que provam que elas são simples mortais.
Porque elas respiram, elas existem.
E respirar faz com que elas, às vezes, nos rejeitem.
Faz com que elas não reconheçam
a importancia que elas tem para nós.
Mas também faz com que elas esqueçam
que nem para nós elas são eternas.
Na verdade, não pedimos a inspiração que elas nos dão.
Ela vem a nós como se fosse a coisa mais natural do mundo.
E se vai da mesma maneira...

A musa real, a musa viva,
Musa, musas,
Elas andam, elas saem,
Elas mudam.
Nós mudamos.
Porque estamos todos vivos.
E vamos todos morrer,
No esquecimento.

J2ML

Ainda não dei título...

Eu queria cantar em mil linguas que amo você.
Queria fazer em frances o refrão.
Talvez uma valsa em alemão,
uma bossa em catalão .
Queria buscar teu sorriso com meu olhar.
Olhar você e em libra sussurar que apenas você:
Eu quero amar.
Quero tecer uma opera em chines,
cantar um pop em libanês.
Dizer a todos o quanto você é especial para mim.
Quero gritar aos anjos em portugues:
Vejam o que Deus me fez!
Bom dia meu querer.
Hoje tranquilo vc me fez.

D'Óculos

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Desconhecido:

Ela sentiu que algo a observava.
Sabia que alguém estava vigiando seus movimentos.
Ela se virou e pressentiu que ele estaria ali, do outro lado.
E estremeceu. Temia encarar o sujeito. Não queria virar para o outro lado.
Ela temia que ele estivesse ali para levar dela algo importante, algo que ela possuia e escondia com grande esforço das outras pessoas.
Com a visão periferica, tentou ver se o homem se movera.
Ainda estava ali. Fixo na direção dela. Parado feito estatua.
Ela não o podia encarar... mas encara-lo talvez fosse sua unica solução.
Assim ela obteria as respostas que poderia usar para escapar...ou então sucumbiria de vez.
Porque encara-lo seria baixar sua guarda.
Ela não se decidia. Não podia também abandonar aquele lugar. Ele poderia segui-la.
Não havia outra opção, ela o encararia.
Custou a se virar. O fez lentamente. Com os olhos abaixados, ela ia seguindo a linha mental que ela traçou, que a guiaria até seu oponente, seu adversário.
Chegou sua vista nele. Ia subindo lentamente sua visão, passando dos sapatos, pela roupa, até fitar o rosto. Ainda assim, recuava em encara-lo.
Subito, criou coragem e o enfrentou: fitava agora olhos que estavam há muito fixos nela.
Ela então viu que perdeu. Ele tomou o que ela tão bem escondia.
Ele sorriu. Ela não tinha mais nada a fazer, a não ser aceitar ter sido vencida.
E sorriu de volta...

Nino Srat

Debate entre mim e a barata:


Eu entrei e logo a peguei me encarando: Ela estava de frente para mim, como se me esperasse.
Sua atitude parecia meio prepotente, meio intimidante. Ela estava ali para me confrontar, percebi.
Era uma grande barata. Uma senhora barata. Estava no meu caminho como que para me provar.
Eu percebi que podíamos talvez parlamentar um pouco, então, baixei meu chinelo.
A barata não se moveu com este movimento meu, mas pude perceber que ela também baixava a guarda (suas asas, antes meio abertas, agora se encolhiam lentamente).
Eu dei a palavra, ela começou:
- O senhor, pelo visto pretendia me matar. - falou ela pausadamente.
Corei com o comentário. Pretendia.
- Perdão, é a força do hábito... - Me desculpava então.
- Mas fazia alguma diferença a minha morte para você? Que diferença faria minha carapaça ser esmagada, entre tantos bilhões de outras de minhas irmãs, que a despeito disto permaneceriam vivas? - Boa a reflexão da barata.
- Provavelmente nenhuma... - Eu refletia. - Certamente nenhuma, mas...
- Custa a você alguma coisa minha vida, pequena, miserável, ser poupada? - Aquela barata agora apelava para sentimentos que eu achava não possuir por ela.
- Sim, quer dizer, não...Ah, não sei! - Ela estava me vencendo num embate verbal acalorado entre especies.
Eu então passei a temer que outros animais, vertebrados e invertebrados, pudessem estar ali observando e ouvindo aquela conversa. Estaria eu pondo em risco toda a cadeia alimentar?
Ela aproveitou enquanto podia:
- Sendo assim, por que não me poupa dessa vez então? Poderia seguir meu caminho e esquecer que nos encontramos. - Ela estava conseguindo escapar.
- Sim, quer dizer... Vá! Vá logo! - Estava já emburrado, incomodado com aquela situação extremamente constrangedora, então resolvi logo me livrar da barata do modo mais facil.
Ela fez um jesto cordial de despedida e partiu por uma fresta no ralo.
Não sei que fim ela levou, não a encontrei novamente.
Mas senti que estas conversações entre especie superior e inferior tinham retorno mais garantido que entre nossa propria especie, não me lembro de baratas entrando em guerra entre si no mundo dos esgotos por um punhado a mais de merda.
Enquanto que nós, espécie superior, fazemos o favor de garantir que este mundo não fique nem mesmo para as baratas.

Nino Srat
Não tenho medo de baratas, tá?!

Eu me arrependo?

Não sei.
Já vai longe o tempo.
Por que deveria me arrepender?
A gente se vê. Se cruza pela rua.
Se cumprimenta tão acaloradamente.
Falamos qualquer coisa. Trocamos qualquer assunto.
Conversa em dia. Despedidas. Vamos nos ver novamente ainda.
Cada um vai para o seu lado. Os pensamentos voam dali.
Fica em mim apenas a duvida do que foi.
E do que não foi. Podia ter sido mas não foi.
E essa duvida fica sempre. E se extende até este ponto:
Deveria me arrepender pelo que não foi?
Não dou resposta. Apenas vivo pelo que houve.
A vida segue seu curso.

J2ML

Maldições (1):

Fui amaldiçoado.
Eu nem me lembro quando foi.
Nem sequer lembro se na verdade eu fui.
Mas acaba sendo uma série de coincidencias que não me deixa pensar em outra coisa,
a não ser nisto: que fui amaldiçoado.
Eu não sei qual delas foi. Nem acredito que tenha sido uma delas...
Revolvendo minha memória, vejo que sempre tive queda por este detalhe.
Era só isso. Me atraía um detalhe pequeno, em muitas delas.
E esse detalhe às vezes era toda a diferença.
Mas era um detalhe muito comum, facil de encontrar.
E eu tenho uma verdadeira queda por este detalhe.
E eu fui varias vezes azarado com quem tinha este detalhe.
E este detalhe se tornou minha fraqueza... pior:
É minha maldição.
E percebo que eu mesmo me amaldiçoei com ele.
Não lembro quando, mas lembro como.
Estava no meu quarto, ouvia aquela musica, e então senti: Vi que já havia perdido o controle.
Era muito forte, e a musica, que estava alta, serviu de fundo.
O detalhe, naquele momento, havia me dominado, porque eu o havia chamado.
Eu havia subestimado seu poder.
Não me restou opção...
Caí de joelhos.
Naquele momento eu temi ter sido pego.
Seria abandonado, esquecido, pelo detalhe que tanto me fascina...
Um par de gelados olhos cor-de-café.

J2ML

sábado, 31 de janeiro de 2009

Insolação



É dia e está escuro lá fora
O calor queima enquanto a chuva cai
e o sol cansa nossas retinas à noite
suamos com o frio
que sai de nossas cabeças
buscamos o ar mais gelado
que o inferno pode nos dar
e só o que sei
é que esse sol que bate na testa
me dói na bunda
nas pernas
nas unhas
e a miragem vem pra me curar
montada num cavalo azul
pelo meio dessa neve amarela

Nino Srat

PS: Isso sim é sem sentido algum!!!

Morena bonita



Morena bonita
queimada de sol
sorriso no rosto
cabelo ao vento

Morena bonita
andando na areia
sorrindo sempre
passando o tempo

Morena bonita
vai pela praia
sorriso calmo
andar ao relento

Morena bonita
igual as ondas
você vai e vem
nunca para

Ah, mas a vida, Morena,
não está só na areia
está no calçadão
e além...

J2ML