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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Promessas de novo ano:

Não creio nessas ideias de fazer promessas para o ano que se aproxima.
Nada contra aqueles que as fazem, até acho bom. Mas gosto de acreditar que a busca por melhoras no modo ser e agir deve ser constante, ou pelo menos ser feita mais vezes no mesmo ano.

Claro, isso vem da minha auto-critica as vezes absurdamente exagerada, e da minha descrença em mudanças radicias no ser humano - salvo em situações extremas. Mas somos todos livres para buscarmos as melhores opções para nossas vidas. E a época de fim de ano pelo visto é perfeita para isso.

Mas não vamos acreditar que ocorre magica durante os fogos de reveillon. No dia 1 de janeiro, você infelizmente - salvo uma ressaca, claro - continuará a ser a mesma pessoa do dia 31 de dezembro. Isso é certo.

Mudança necessita de uma constante medição dos valores em relação aos atos que cometemos. E com isso em mente, desejo a todos um 2011 de constantes reavaliações destes valores.

Feliz Ano novo a todos, apesar de tudo o que possa ter ocorrido em 2010.

J2ML

domingo, 26 de dezembro de 2010

Feliz Natal (2): Apresentando personagens.


Eu postei a imagem aqui e larguei sem mais explicações. Agora estou voltando para dar um informe mais claro. Esse desenho pertence a uma sequencia de desenhos feitos pelo D'Oculos como proposta para uma serie de estorinhas. Como é um projeto que anda a passos lentos mas constantes, vocês devem ver mais deles por aqui, como na verdade já viram alguns que postei antes.

Estas são (esquerda pra direita) Juli e Sissel, e juntamente com elas desejamos (já atrasado) um feliz natal e ano novo.

Os nomes delas eram provisorios, mas acho que já devem ser estes mesmos. Qualquer coisa, por favor, comentem.

J2ML

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal:


A todos que estiveram conosco em 2010, e que esperamos que continuem em 2011.

Um feliz Natal e bom 2011!
Votos de J2ML, Nino Srat, MayFlower e D'Oculos.

PS: Isso é um fauno, aí no desenho.
Quem não souber, procure Mr. Tumnuns no Google Imagens.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Qual é o seu nome?

Alice:

Fios de Murphy:

Conversa com um demonio:

Às vezes eu me arrependo de ter aprendido este truque. Mas tem momentos em que ele vem a calhar...como agora. Eu preparei o espaço e o chamei. Por que faço isso eu não sei. Nunca soube. Acho que é pela simples graça de chama-lo, e de brincar com essas coisas...

E ele vem, um tempo depois de chama-lo. Eu rio. Ele seria a criatura mais bela desta terra, se eu não soubesse o que na verdade ele é... E ele vem sempre com a mesma cara: o sorriso malicioso, os olhos provocantes, a boca entreaberta, cabelos soltos, sedosos e brilhantes.

Já não me engana faz muito, muito tempo...

E já chega soltando com sua voz suave:
- Andou sentindo minha falta, foi? - É uma voz bela, encantadora...Agora.
Paro de rir, mas respondo ainda com o sorriso nos labios:
- Nem um pouco, sua monstrinha... Embora você seja inigualável.
Ela arregaça o sorriso. O tipo dela adora ouvir um elogio:
- Tem tentado me substituir e não consegue, é? Eu avisei que era a melhor...
Eu quebro logo o barato dela, senão ela se apossa da situação:
- Ninguém finge melhor do que você. Mas tudo que você me dava pode ser melhor sem você... - Eu a encarei, brevemente, olho a olho. Não se pode fazer isso muitas vezes com seres do tipo dele.
E some da face dela o sorriso. Ela sentiu que eu estava diferente das outras vezes. Mas não temeu. O tipo dela não teme gente como nós, a não ser em certos momentos...
- Então porque me quis aqui?
Ela quer ir direto ao assunto? Então finalmente consegui colocá-la numa situação desconfortavel?
Engano - ou simples jogada dela - pois ela decifrou minha cara de surpresa:
- Quer matar a saudade dos nossos velhos tempos? Não resiste ao seu próprio desejo e resolveu pedir minha ajuda novamente?
Oh, cara. Por que esses bichos vivem de passado? Esqueci e já me lembrei: Eu sei o porque. Mas deixarei pra depois...
- Nem pensar. Te chamei aqui para termos uma despedida decente.
Ela reagiu com uma risada sarcastica...
- E você acha que vai se ver livre de mim assim tão facil, querido? - Reação mais que esperada.
- Tenho certeza. Dessa vez me deram a certeza de que você não conseguiria mais...
Ela cortou com a voz agora levemente rasgada.
- Quem podia mentir pra você a ponto de te fazer acreditar na besteira de se livrar de mim? Sua espécie é dependente da emoção, queridinho, e não será facil assim você se livrar de mim, com uma simples decisão...
A situação estava saindo do controle dela. Seria risivel se eu não estivesse na reta dela. Com o tipo dele não se ri. Se joga sério ou se perde para toda a eternidade.
- Quem você acha que me garantiria isto? - Eu provoquei com firmeza. E fiz pela segunda vez algo que quando fiz na primeira vez me assustou, mas que dessa vez não teve o mesmo efeito: Olhei fundo nos olhos dela, a ponto de ver a escuridão que se escondia atrás daquela pupila.

Dessa vez, eu tinha Alguém comigo.

Eu o vi assustado pela primeira vez. Ela recuou, com raiva:
- Acha que vai se ver livre de mim tão facil assim? - Ela veio pra cima de mim, colando seu rosto ao meu. - Não pense que pode isso, seu fracote. Sua raça já nasce no erro. Continuar conosco é sua opção natural.
Eu podia sentir o seu perfume, o bafo da sua boca. De longe o cheiro é inebriante. De perto, é intoxicante. Eu precisava de espaço, mas ela continuou:
- Depois de tanto tempo, de tanta coisa, como você acha que aguentará sem mim? Te garanto que Ele não te oferece nada demais... Além disso, você já foi muito longe comigo. Toda vez que olhar para trás você vai ver que estive contigo em todos os momentos da sua vida. Acha que pode me deixar assim, sem mais problemas?!

Eu não pude deixar de escapar uma risada...

-Esse é o problema de vocês. Vivem de passado. Vivem da nossa culpa, do nosso erro. Vivem do passado porque vocês não podem suportar o futuro... Um futuro em que vocês já estão vencidos.

A voz sumiu. A bela forma, por um breve instante também...Mas o tipo dela raramente perde a compostura, a pose. Ela/ele grunhiu:
- Não se engane tão facilmente, seu pecadorzinho arrogante. Hoje você se acha banhado na confiança DEle. Mas espere um dia de fraqueza, e nós estaremos pelos cantos, pelos espaços escuros, pela sombra...e voltaremos a nos ver. Aí será pior para você, pois vou te fazer rastejar de modo pior ao que você pretende me fazer agora!

Minha cara era de felicidade. Estavam ganhando por mim. Mas dos meus olhos brotaram lágrimas. Estava arrependido por ter conhecido aquilo, por ter estado com ele/ela tanto tempo...

Ele/ela entendeu as lagrimas. E sabia que estava derrotado. E eu aproveitei:
- Essa é realmente a sua raça: a que rasteja nas sombras, que vive de emboscadas, que se alimenta dos fracos...Mas sinto em te dizer: nós terminamos. Eu agora prefiro andar na luz, e não mais em noites eternas.
Fiz a cara mais amavel que pude, sem sequer entender o por que de a estar fazendo, e disse:
- Adeus...
Pensei que ela/ele não conseguiria suportar, mas ele manteve a pose. Se ajeitou, e antes de sair me disse:
- Você não sabe o dia de amanhã...
Cortei de novo:
- Não sei, mas estou do lado de quem sabe agora.
Ele/ela me deu as costas e saiu lentamente, deixando para trás o cheiro caracteristico de toda a sua especie...


J2ML

Mais um texto velho, de 2006.




domingo, 5 de dezembro de 2010

Quanto vale Jerusalém?

Numa das passagens do filme Cruzada, do diretor Ridley Scott, o cavaleiro cristão Balian de Ibelin faz uma pergunta complicada ao sultão Saladino. "Quanto vale Jerusalém?", questiona o cruzado. A primeira e surpreendente resposta de Saladino é "nada". Mas logo depois ele se volta para seu inimigo cristão, dá um meio sorriso e completa: "Tudo!"

Gosto dessa passagem por causa do contraste das duas respostas de Saladino. Ela serviria para várias situações da minha vida. Várias vezes estive em busca de objetivos, sonhos, que por um lado valiam tudo para mim, mas que vendo por outro lado, também não valiam nada.

Quanto vale um sonho, um objetivo? Tudo.

O "tudo" sempre foi mais evidente quando eu ainda estava em busca desses objetivos. E o "tudo" também é extremamente pesado enquanto não o atingimos. E a dor, o cansaço, a ansiedade - essa então, meu maior problema - que ele nos causa, me fez algumas vezes beirar o desespero. E nesse desespero, algumas tristes vezes, senti o "tudo" em seu maior efeito: na frustração do fracasso.

Quanto vale um sonho, um objetivo? Nada.

O "nada" é timido. É por boa parte do tempo imperceptivel à minha capacidade de avaliação. O pior é que ele quer chamar atenção, mas às vezes não consegue. Várias vezes ele está ali, na minha frente, querendo mostrar alguma coisa, mas eu me recuso a percebe-lo, de tão concentrado que estou em minha busca. E quando que eu vou enfim percebe-lo? Incrivelmente quando alcanço a vitória, que ironia... Eu ali, cansado mas entusiasmado ainda com aquela vitoria, percebo ele, o "nada", ali me dizendo que eu exagerei; meu esforço havia sido excessivo, se não inutil, e aquele sonho, aquele objetivo, não passava de uma misera migalha, ou mesmo de uma ilusão...

Ambos os casos são frustrantes, em maior e menor grau. Estive sempre criando objetivos, tendo sonhos meus, que me servissem de guia para a minha vida. Sempre conduzi as minhas buscas à minha maneira. Sempre carreguei a ansiedade de desejar em demasia determinados sonhos. E foram sempre situações em que o "tudo" e o "nada" foram o mesmo lado de uma mesma moeda. Vendo a resposta de Saladino, eu sinto que sempre me senti na mesma situação que ele. Mas seria esta a resposta?

Quanto vale um sonho, um objetivo?

Aí vem o diferencial.
O mais interessante na minha vida foram as vezes em que eu não busquei meus sonhos, meus objetivos...E eles me foram dados. Um dia normal, e eu passando, e de repente me aparece uma oportunidade. Pronto.
Fácil? Até parece...Quando a esmola é muita, a gente sempre desconfia, não? Além do mais, naquele momento eu não queria. Aquele curso, aquele tema de projeto, aquele estagio, aquele trabalho... Mas eu achava que aquele objetivo, dado de repente, não devia ser prioridade.
Mas não era eu que estava buscando. Era Deus que estava impondo. Sim, impondo. Porque temos as vezes a incrivel capacidade de desdenhar, de não reconhecer o que Deus põe para nossas vidas, de subestimar a Ele e a nós mesmos nessas situações, ao mesmo tempo em que superestimamos as coisas que deveriamos avaliar de maneira mais realista.

E daí me surgiram duas respostas.

Quanto vale um sonho, um objetivo? Algo.
Isso mesmo. Algo.
O "Tudo", que é Deus, nos dá "algo" em nossas vidas, porque assim prometeu que faria, e faz. Esse algo as vezes não se define claramente a nós a principio. Mas conforme andamos em Seus caminhos, percebemos o quanto este algo se torna importante devido ao fato de ter sido dado por Deus, e por isso passar a ser mais que uma benção: ele recebe o valor da responsabilidade que temos em honrar o sonho, o objetivo que Ele resolveu nos dar. E justamente por sabermos que é Ele que está nos dando que não superestimamos o valor do objeto, nem ficamos ansiosos enquanto os buscamos e nem frustrados com os resultados.

E quanto vale, afinal, um sonho, um objetivo? Ainda, nada.

Por que nada? Porque é nossa realidade neste mundo: Daqui, nada se leva para o outro. Os nossos sonhos, nossos objetivos que são dados neste mundo pertencem a este mundo, onde a traça rói, a ferrugem corrói e o corpo volta ao pó.
Deles só podemos tirar a breve sensação de satisfação que eles nos dão, que deve servir para nos lembrar que alguém que é "Tudo" se importa conosco e cuida de nós.

E estes sonhos, estes objetivos, também nos servem para nos testar, nos treinar e preparar para aquele outro país, onde teremos, enfim, a satisfação eterna.
Pois enquanto aqui nós somos o "nada", lá estaremos enfim com aquele que simplesmente "É"...

J2ML




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PS: Tive mestres nesta terra, assim como ainda os tenho e ainda terei outros, e do mesmo modo, meus mestres tiveram seus mestres. Se o estilo, o texto e algumas passagens lembrarem ao leitor de algum outro autor, acredite: não foi mera coincidencia. Afinal, a fé vem pelo ouvir, o que não exclui ler o que foi feito antes de mim. Citar todos eles seria um trabalho longo que eu não quero ter aqui, mas aceito de bom grado caso alguém pergunte.

PPS: Um filósofo chamado Locke faz poucos seculos atras definiu que o que atribui valor a determinado objeto é o trabalho relacionado a ele. Isso na verdade já havia sido definido em uma parabola faz 2 milenios atras, mais ou menos, que contava a respeito de empregados que receberam de seu patrão determinadas quantias em dinheiro e tinham como obrigação fazer com que tal dinheiro rendesse...Isso foi uma sacada que tive em meio ao texto. Discorde se quiser.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Perseguindo sombras:


[quebrando as sequencias de paixonite dos meninos...e faz tempo não escrevia aqui, não?]

Vivemos em busca de coisas concretas.
Precisamos delas para viver.
É o que pensamos...Na maioria das vezes,
as desejamos por mero capricho dos nossos prazeres.

Aquele algo concreto que buscamos,
quando não o alcançamos,
apenas conseguimos nos aproximar de suas sombras.
E como elas são imagem, ilusão, não as capturamos.

Perseguimos sombras.

São sombras de amores idos,
sombras de sonhos findos,
sombras de desejos perdidos,
frustrações que se tornam fantasmas.

Sombras que nos perseguem.

Que passam a escurecer boas intenções,
que barram nossos sonhos,
e buscam reduzir nossa auto-estima.
Destroem nossa vontade de viver.

Sombras que nos perseguem,
mas só enquanto as permitirmos.
Elas somem de nossos caminhos no momento exato
em que resolvemos lembrar onde elas se formam:
para tras do que passou em nossas vidas.

Sombras só são sombras.


MayFlower