Em destaque:

No portão:

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Tratado da liberdade:

Você é livre.
Não sou ninguém para te segurar.
E nem pretendo fazer isso.
Afinal, não há como te prender.

(Eu nunca gostei de gaiolas)

Por isso que digo: Vá.
Vá quando quiser.
É inevitável. Pra quê lutar?
Seja livre. 
Sejamos livres.

Livres pra ir, claro.
Livres pra ficar, como se possível fosse.
Livres pra sermos livres.
Livres dando liberdade a nós mesmos.

Até porque tudo vai indo... aos pouquinhos.
As coisas que deixamos pra trás, agora no lixo.
Presentes que nos demos pra nos lembramos...
Lembranças que somem na memória.
As emoções e os sentimentos - esses não se vão, eles se esfriam.
O cheiro que esvanece, o gosto que some da língua.
O contato da pele quente, agora fria.
Os assuntos, as conversas, as idéias...
Os desafios, as brincadeiras... até as brigas.
São todos livres para deixar de acontecer.

Por isso repito: Você é livre.
Nós somos livres.
Sejamos livres. 
Livres pela leveza de sermos livres.

(Quem sabe assim o coração não fica, também, mais leve?)

Não há como te prender, e não sou ninguém para te segurar.
Podermos ir quando quisermos. Somos livres.
Assim como somos livres para sonhar.
Livres para termos esperança. 

J2ML





Partida:

O que senti, ao certo não sei,
quando a deixei na porta de casa,
após um abraço de despedida,
quando enfim as costas eu a dei.

Senti algo. O quê? não sabia.
Sabia que isso me feriu.
- doeu não... não na hora...
Na hora em que eu me ia.

O que senti, aos poucos, me doía.
Não era muito uma tristeza,
talvez um pouco de melancolia.
Era a vida jogando com a incerteza.

Eu sinto, isso eu sei.
Essa dor garantida,
eu sei bem o que é:
É a dor da partida.

J2ML