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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Cálculos Matemáticos:

Um mais um é dois.
Conta matemática normal.
O número dois, tão bonito.
Formado por dois números um,
que se uniram.

Um mais um é dois.
Só que um vez um, estranho.
Continua sendo um.
Cálculo sem sentido,
a fórmula do egoísmo.

Um mais um é dois.
E olha: um em um pode,
algumas vezes, não ser dois.
Pode dar três...
Até mais de três.

Um mais um é dois.
Mas um mais um pode não ser dois.
Às vezes não é. Continua um mais um.
Ou até mesmo um e um.

Um mais um é dois.
Dois segue sendo maior que um.
E o fator vida, que triste,
pode dar em 2 menos um.
Dá um de novo.

Um mais um é dois.
Eu quero que sejamos dois.
Mas só somos, enfim, dois.
Não aceitando outros, dividendos.
Cálculo do ciúme.

Um mais um é dois.
Será dois.
Quando seu um aceitar
somar com o meu um.

J2ML

Poema do seu nome:

Confesso que é ridículo,
Amar-te mesmo assim.
Razão faltou no início.
Olhar como o seu, tão
Lindo, tímido, refletindo
Imagem do meu trocado,
Naquela noite fria em que
Amamo-nos primeiramente.


J2ML

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Saudade presente:

Eu penso no futuro.
Penso porque o passado não retorna. 
O que foi bom até fica, 
mas não se repete igual.
E a nostalgia é um perigo silencioso...

Eu penso no futuro...
Porque o tempo urge. 
Ele toma de assalto
os que não se preparam.
O tempo não para.
(assim dizia o poeta)

Eu penso no futuro,
Constantemente,
Teimosamente,
Paranoico,
Penso até demais.
Penso até que o tempo o traga.

Eu penso no futuro...
...porque o presente está vazio.
...porque o presente me é frio.
...porque o presente não tem você.
O presente é só saudade.
(Mas saudade em si é bom)

Eu penso no futuro,
faço planos, busco opções,
E sonho...
...até que o futuro traga 
o presente pra nós dois.

J2ML

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Quarto de Hotel:

A cama bagunçada. Lençóis úmidos. Travesseiros espalhados. O cobertor no chão. O cheiro forte no quarto indica o tipo de atividade corporal que foi exercida ali.
Eles estão deitados, a meio braço de distância um do outro. Nus. Um leve suor pelo corpo. 
Os olhares dela para o teto. Os dele para a parede. Eles lentamente recuperam o fôlego recém perdido. 
Devagar, as mãos deles se procuram em meio aos lençóis e as roupas que ainda estavam sobre a cama. Os dedos se reencontram e se unem, entrelaçados. Ele se vira aos poucos para olhar em direção a ela. A expressão de leveza no rosto dela deixa surgir um leve sorriso em meio ao cansaço denunciado pelas pausas na respiração. 

Na janela ao fundo pairam no céu nuvens esparsas. Mais ao fundo ainda, uma nuvem negra indica a possibilidade de grande chuva. Sinal de que só o quarto em que eles estão vai servir como abrigo e distração para o dois. 

Para ele, aquelas nuvens se confundem com suas ansiedades, suas incertezas quanto ao futuro deles, que ali se alterava. Um temor que minutos antes era suplantado pelo desejo mútuo dos seres que ali estavam. Agora, saciado o prazer, retornava a ele aquela ameaça de temporal sobre sua vida. 

Aquela pequena nuvem de ansiedades, dúvidas e incertezas que pairavam pela cabeça dele, entretanto, dura pouco. Ela se vira em direção a ele, esboçando um leve sorriso enquanto se estica. O sorriso radiante dela ofusca a tempestade que ele imaginava, como um sol lançando seus raios através de uma nuvem.

Eles finalmente se encaram: os rostos expressando a felicidade de quem acabou de reencontrar um grande amigo. Os corpos se aproximam e se unem em um abraço longo e apertado. A respiração é interrompida brevemente por um beijo. 

Os olhares prendem um ao outro. Nesse instante, eles não vêem nuvens em volta de suas vidas. Há apenas o radiante brilho de quem encontrou - um no outro -  a calmaria de quem lhe completa.

J2ML