Em destaque:

No portão:

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Remendos e Costuras:

Morena, tá tudo bem,
embora eu esteja do outro lado faz muito tempo.
Eu zanguei numa cisma, eu sei.
E não sei se mereço enfim um sim.

É que nunca me disseram o que devo fazer, como devo proceder,
sobre o que quero fazer e dizer; só sei que não quero
deixar de extravazar, de demonstrar.

Mesmo na distância meu pensamento voa longe demais:
imaginando você até minha hora de deitar.
Quero tirar você deste lugar, e levar você pra ficar comigo.
Eu sei que você tem medo de não dar certo, mas
quero que você não pense em nada triste.

Meus sonhos não são dificeis de advinhar;
só quero que o acontecido aconteça,
que meu tempo não tenha sido perdido,
e que minhas lágrimas tenham um fim.

Eu sigo em paz.

E toda essa costurada, esse remendo musical,
é pra que você saiba que sem você
sou pá furada
e que no mundo tem alguém que muito, muito, tanto, tanto,
te quer.

E o que eu quero, quando te encontrar,
é ser seu Pápá, pra deixar de ficar tristinho,
e chorar, beijar, te abraçar...

...e ficar assim com você, juntinho,
sem caber de imaginar,
até o fim raiar, mama minha.

J2ML , com a ajuda de Biquini Cavadão, Los Hermanos, Mombojó, Marisa Monte, Zeca Balero, e um desconhecido...

PS: Esse texto, que fiz em 2006 de vários remendos de músicas que ouvia na época, foi mais um exorcismo do que um post...

sábado, 27 de novembro de 2010

Paixão (13): Insônia.


(mal de boa parte dos apaixonados)

A cabeça pesa cada vez mais
enquanto as horas se vão
e o escuro chega em seu ápice.
Logo será dia.

E tudo o que você mais queria
o que mais desejava durante o dia
te persegue noite adentro.
Logo será dia.

Você gostaria de esquece-la,
quer muito que ela se vá de sua mente
mas que volte ao amanhecer.
Logo será dia.

Pior que o sonho que acaba
ou o pesadelo que tem fim
a insonia é real, mas também termina.
Logo será dia.

Nino Srat

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Paixão (12): Pesadelo


(Outras paixões, no entanto, são verdadeiros pesadelos...)

Me beliscava e não adiantava.
Nada mudava.
Ela não mudava.

Não sei quando o belo se tornou o horrendo.
Nem lembro como o vinho virou vinagre.
Como o sonho mudou para este pesadelo?
Ela não mudava.

A escuridão crescente me cercava.
E meu corpo parecia cair num longo abismo.
O amor tombou, ergueu-se o odio.
E eu queria ser indiferente a ele,
mas ela não mudava.

Eu queria sair deste pesadelo.
E me beliscava na busca do fim desse abismo.
Queria a luz de um novo dia, para que tudo mudasse...
Mas não adiantava.
Nada mudava.
Ela não mudava.

Nino Srat

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Paixão (11): Sonho


(Algumas paixões são como bons sonhos)

Eu estava ali com ela. Ela parecia estar ali comigo.
E era como um sonho. Tudo o que eu antes esperava.
Tudo o que eu havia imaginado.
Eu sonhava.
Eu sabia que sonhava.

Eu pensava tê-la comigo. Eu já era dela.
Estavamos livres de tudo.
Eramos livres para tudo.
E eu sonhava.
E sabia que sonhava.

Nós juntos ali.
Era um sonho, pois eu sabia que sonhava.
E sonhos tem fim, e eu sabia que sonhava.
Sabia que meu tempo seria curto...
E por isso eu só me atrevia a, lentamente,
ir segurando apenas a ponta dos seus dedos...
...e retardar ao maximo possivel o despertar.

Nino Srat

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Paixão (10):

A principio é tudo por um motivo:

Sexo.

NinoSrat

PS: Esse tema de posts não terá fim. Saiu do seu controle, J...

domingo, 14 de novembro de 2010

Datafodse Informa:

Paixão, amor e caricias são o que mais gera inspiração para musicos fazerem canções.
Pena que nenhuma delas faz sentido para outras pessoas alem deles mesmos.

D'Óculos.

Paixão (9):

Não importa o que é a paixão, no fim.
O que importa é o que fica depois que ela se vai.

Aliás, ela se foi, novamente...
E ainda não sei se ficou alguma coisa.

Hummm.
Vamos mudar de assunto...

J2ML

PS (D'Óculos): Aham. Como foi o fim de semana de vocês?

Paixão (8):

A paixão é como um problema de lógica.
Não importa o meio, mas você tem que resolve-la.

D'Óculos

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Paixão (7):



O interessante de estar nesta situação emocional é ouvir o mp3:

Primeiro, metade das musicas da playlist perde o sentido.

Segundo, a outra metade dela adquire um sentido até então desconhecido...

No final, toda a playlist acaba sendo insuficiente para exprimir o estado geral do momento.

J2ML
Ilustrações: D'Óculos

Paixão (6):

É a pior desculpa pra vadiar:

Eu devia estar estudando, escrevendo, trabalhando.
Mas pensei nela, e vim parar aqui.

J2ML

Casais (5):

No metrô.
Eles entram juntos. Viajam juntos.
Quatro estações depois, ela desce só.
Ele segue só mais quatro estações.
E também desce só.

(E eu penso: como é na volta?)

J2ML

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Paixão (5):

Paixão é a própria privação do caos de agir contra você mesmo...

D'Óculos.

PS: (J2ML) Eu juro que não entendi. E acho que nem ele, na verdade...

Paixão (4):

Uma forma de matar a paixão: A preguiça.
Fui um assassino em série delas nos ultimos anos.
E algumas estavam tão boas...
Mas eu simplesmente tive preguiça de fazer alguma coisa para mantê-las...
E elas lentamente morreram de esquecimento.

Paixão (3):

Devia estar no dicionario:

Paixão.
Antonimia: Paciência...

Paixão (2):

Paixão é uma visita daquelas bem incomodas.
Chega quando você menos espera, e menos pode recebe-la.
Fica o tempo que quiser e te exige o maximo de atenção possivel.
E vai embora sem se despedir, justo quando você havia começado a se acostumar com ela...

J2ML

Paixão (1):

Substantivo


Singular Plural
Feminino paixão paixões

pai.xão

  1. sentimento ou emoção de grante intensidade
  2. amor obsessivo

[editar] Sinônimo

[editar] Antônimo

  • ação (para os filósofos gregos)
  • razão (para a sociedade contemporânea)

Casais (4):

Eu não estava tendo um dia bom.
E a felicidade em que estavam aqueles dois me incomodou.
Com suas maõs dadas.
Os olhares trocados.
Um momento de sorrisos bobos.
Outro momento de semblantes sérios.
Eles se vão sob a minha sombra, que se pudesse os esganava.
Eu saí dali primeiro...
Afinal, só não estava tendo um dia bom.
E um pouco de inveja brotou...

J2ML

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Democracia:

-Eu vou votar em Fulano.

Ela disse isso quando ainda estava em meus braços, na cama. Era um daqueles papos pós-transa que não precisam de sentido. São apenas para quebrar o nosso silencio posterior ao fim do ato. Normalmente o tema dessas nossas conversas é sobre alguma coisa - qualquer coisa - que tenha uma daquelas afinidades que nos aproximaram no inicio do relacionamento: time de futebol, bandas de musica, blocos de carnaval... Ou então sobre alguma coisa totalmente sem sentido, mas que faça com que cheguemos juntos a uma conclusão comum, como o que deve ser feito com a rachadura no teto do nosso quarto, se deviamos ou não trocar a ração do cachorro por uma mais barata, sobre como a vizinha velhinha do andar de baixo parou de reclamar do porteiro que já não trabalha no prédio faz mais de dois meses...

Enfim, era um papo corriqueiro do qual nenhum de nós precisava fazer alguma argumentação mais concreta, não seria necessario iniciar uma discussão nem forçar a cabeça atrás de ideias ou outra coisa qualquer para sustentar uma posição. Era isso até aquele momento.

Em epoca de eleição é dificil escapar de uma conversa sobre preferencia politica. Eu procuro evitar ao maximo. Até porque - por mais que se diga que isto é democracia, que é assim que se forma opinião e tal - não se chega a conclusão alguma. Eu vou votar em ciclano, o cara em beltrano e agora minha parceira em fulano. E ponto. A discussão só serve para mostrar o qunato discordamos entre nós.

É uma epoca perfeita para se irritar os outros: você os provoca dizendo que vai votar num qualquer, por motivos os mais idiotas possiveis, medindo a reação da pessoa e fazendo mais argumentos ridiculos para deixa-la ainda mais irritada, até o ponto em que ninguém mais se suporta e ou se separa ou muda de assunto com aquela irritação de quem perdeu tempo em algo inutil e só percebeu tarde demais.

Então eu volto à primeira cena: Ela vai votar em Fulano. Justo em Fulano! Fico pensando nos segundos que me restam - são muito poucos - para ficar em silencio sem dizer nada. Ela sabe que eu jamais votaria em Fulano. Sabe que seria totalmente contra meus principios politicos, minhas ideologias, meu simples modo de raciocinar a formação deste país e do mundo... Na verdade, ela só quer minha aprovação para a escolha do candidato dela.

E o tempo fica mais curto enquanto penso numa fuga para a minha situação em crescente desespero. Ela em breve vai se virar e me encarar, repetindo seu comentario a espera que eu retruque.

Perdido em minha mente e ainda com ela nos meus braços, eu tento encontrar nela uma resposta. E reparo naquele corpo junto ao meu, com traços tão diferentes, mas que momentos antes era parte de mim, e disputava com o meu corpo uma eleição de prazer, de amor. Um comentario no entanto anularia aquele processo democratico que havia sido nosso ato de amor.

Foi então que pude ver minha fuga na base do sistema da democracia: o respeito pela diferença de opinião entre as diversas parcelas de eleitores. E resolvi usar uma saída simples e facil - principalmente por entre nós não haver minoria nem maioria. Segurei ela com mais força, puxando-a mais para junto de mim, dei um beijo na testa dela e disse, com a voz mais doce e disfarçada que pude:

- Tudo bem, amor...

Ela respondeu meu abraço, fez silencio e dormiu um pouco depois. Eu levei mais um tempo, pensando nos prós e contras do processo democrático.

Viva a democracia!

Nino Srat

Explicando minhas relações com a UMP em geral:

Esse post vai soar mais como um desabafo do que qualquer outra coisa. A intenção nunca foi esta.
É uma forma de explicar minhas ultimas atitudes em relação a todo e qualquer trabalho na igreja.
Embora eu não tenha a obrigação de explicar nada a respeito disto, pois não devo nada a igreja e nem a ninguém.

Pra inicio, lembro algo que todos proximos a mim sabem: não sou presbiteriano, não no sentido de se-lo antes de ser cristão. Nunca concordei totalmente com suas ideias, seu sistema, sua cadeia hierarquica e suas tradições que ultimamente tem sido tão cultuadas por sua liderança.

Sendo assim, sempre me mantive a distancia do discurso institucional. Isso era bom, a partir do momento em que eu exercia alguma função na sociedade interna, pois me mantinha concentrado em fazer as programações funcionarem, cumprindo com a minha palavra dada ao receber estes cargos. O lado ruim é que no momento em que eu via o discurso institucional ultrapassar a Palavra eu sentia desgosto de estar onde estava, e me desanimava. Aí eu trabalhava menos.

Passei a ultima decada esperando motivos para me 'apegar' à ipb. Não os tive. Apenas tive momentos de gosto e desgosto, coisa que eu provavelemente sentiria em qualquer instituição religiosa, não apenas na presbiteriana.

Quando enfim vi que a vida cristã não necessitava de uma afiliação institucional à igreja, estava a meio caminho de optar pela saída pelos motivos errados. Foi tempo de me corrigir e aparar pontas de uma ideia que sempre cresceu em meu intimo, mas que ainda não está formada, e que não tenho como expressa-la aqui. Mas foi uma ideia que me segurou ainda uns instantes na igreja para perceber o que realemente é relevante para o convivio entre cristãos em um mesmo local.

Eu sei que até agora expliquei meio por alto e estou deixando muita coisa no ar sem explicar. Mas é que todo este historico não importa agora. O que venho explicar são as reações dos ultimos 10 meses, por volta disso:

Primeiro, deixei de recitar motos e cantar hinos de sociedade interna faz muito tempo. Não os fazia mais na UPA (lembro que a cada programação eu recitava um versiculo diferente, mas nunca citava o moto). Por mais valor que suas letras tenham, e por mais que eu concorde com muto do que é cantado, não me sentia à vontade em 'seguir as ovelhas'.

Segundo, sei que por algumas vezes deixei minha posição neutralista e passei à uma oposição ferrenha de seu sistema. Me deixei levar pela raiva algumas vezes, por alguns rancores e pelo ódio. E disso me arrependo. Várias vezes sofri com a maldição de Cassandra, por prever falhas neste sistema e não ser ouvido, supostamente, até que estas ocorressem. Não sou profeta, apenas pessimista, e infelizmente prevejo um momento em que a IPB verá algumas de suas tradições como muro para o progresso da Boa Obra. E aí haverá um momento de escolha, e este momento eu prefiro não fazer previsão sobre a decisão (na verdade isso já ocorreu uma vez na historia da ipb, entre 1962-1968).

Terceiro, ocorreu algo que ocorre a alguns da minha idade (embora não a todos): O mundo em que antes viviamos encolheu. Surgiu a necessidade de sair um pouco, abrir portas, experimentar opções antes inexistentes, conhecer novas pessoas e, por fim, derrubar algumas barreiras que a igreja e seu discurso assustado introduzem em nossas mentes e corações. Infelizmente alguns dos que chegam à minha idade se perdem por não terem recebido a instrução essencial na igreja, apenas a moralista, que é insuficiente para a sobrevivencia da fé neste periodo de nossas vidas. No meu caso, a mão divina evitou meu mal nos momentos de minha fraqueza. E tem evitado até agora. No caso de alguns que eu conheço, que foram mais longe e tiveram menos cuidado, tenho que dizer que lamento menos por eles, e mais pela propria igreja, que tem ainda a ideia de moral e bons costumes como centro da vida cristã, e não é capaz de receber de volta aos que erram e tentam retornar em busca de socorro.

Quarto, e o que tem sido mais problematico: Meu sumiço lento e gradual foi por questão de liderança. O peso de ter sido liderança muitas vezes me veio no momento de sair. O medo de que alguém me seguisse, pelo caminho que apenas eu consigo trilhar, me reteve muitas vezes. Os que infelizmente me seguiram eu procurei lançar de volta ou envia-los a algum lugar que não os afastasse da Palavra. Alguns no entanto sairam junto comigo ou mesmo antes de mim, e tem motivos diversos aos meus para sair, e de fato estão seguindo um outro caminho. Estes eu ainda auxilio quando posso, mas quanto a eles minha consciencia está tranquila.

Por ultimo, quero explicar que muita coisa está por tras dos meus motivos: é meu desejo anarquista; minha eterna incompreensão de um sistema hierarquico que preza o poder antes do amor, na maior parte das vezes, e que leva à corrupção da alma, principalmente; é um pouco a minha vaidade por conhecimento, por acabar sabendo mais que os outros e vendo mais que os outros; é em parte minha revolta com os "caçadores de bruxa" da minha geração, que infelizmente alguns ajudei a formar, e seu fanatismo que não permite argumento e só esbanja arrogancia. É minha luta constante para perdoar aqueles que me fizeram mal, uma luta já longa e cujo fim está distante. Em resumo, é a luta por manter a individualidade no "corpo" cristão (sem esquecer ainda que a salvação é individual), luta às vezes necessaria, e mais vezes desnecessaria.

É tudo isto de mim, e é cada vez mais menos disto de mim...

Para finalizar, uma frase que um amigo inesperado me mostrou, que muitas vezes tem me posto de volta nos trilhos D'Ele: 'Não se vai à igreja, se É Igreja'.

J2ML