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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Consciente X Subconsciente:

Eu pago o preço todas as noites, de ter me recusado a olhar pra você uma segunda vez naquele dia. Ao pega no sono, minha mente vai lentamente buscando aquele momento unico em que reparei na sua existencia. A partir daí, se cria em sonho o mundo que eu não teria desejado se estivesse consciente, por ser perfeito demais.

É neste local magico que posso rever sua imagem, e ao te olhar mais uma vez esperar que os seus olhos encontrem os meus. E com o encontro, o sonho segue no que poderia ser um futuro possivel, entre eu e você.

Da perfeição do sonho, lentamente vai voltando à minha mente a sensação de que há algo de errado, e é neste momento que sinto acordar. E acordar após este sonho me traz a melancolia propria daqueles que relembram um arrependimento ou fracasso. E lembro, pra piorar, que este sonho se tornou uma constante de todas as ultimas noites. E ainda pior, se tornou na verdade um pesadelo, habitado pelo fantasma da sua lembrança, que é incapaz de surgir a minha mente durante o dia...

Mas é durante o dia que me vem o conforto. Um conforto tão covarde quanto o ato de não ter olhado pra você uma segunda vez: a ideia de que o que não aconteceu não importa; não era pra acontecer mesmo. De que o passado passou, o presente se vive, o futuro ao destino pertence...

Desculpas tolas para apaziguar a fraqueza de não ter desejado te olhar uma segunda vez...

E é neste momento que eu percebo que na verdade nada disto importa, e que eu não te olhei a segunda vez, porque na verdade eu, conscientemente, não quis...

Então todo o meu corpo se acalma. E sei que, até a noite, estarei tranquilo.

J2ML

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dr. Jekyll:




Eu observo meu reflexo no espelho como se olhasse as duas faces de uma moeda.
Partes diferentes, opostas, de um todo comum.
Vejo aquilo que sou e que não desejo mais ser.
Vejo um ser que quer ser aquilo que não desejo que ele seja.
Descontrole sobre minhas personalidades.
Uma confusão que eu procuro manter, porque temo sua resolução:
A vitória de um dos lados.
De um monstro que não posso conter, que vive adormecido em meu ser... e que às vezes eu desejo se-lo.
Não lembro dos calculos da formula, dos seus ingredientes e nem de quando me fiz de cobaia dela.
Sei que, agora, o antidoto também não me interessa.
Se é que ele existe...

J2ML

Genocidio Eletronico:

A vida anda eletronica demais.
As filosofias de vida são passadas por um aparelho com fones de ouvido.
A sorte de nossos dias vem ao acaso, gerada aleatoriamente por uma maquina fria.
Nossas esperanças aumentam e diminuem conforme abrimos sites de noticia.
Nossos contatos intimos se resumem a imagens 3x4 geradas por uma camera e por emails que lotam nossas caixas de entrada.
Nossa nescessidade em criar um circulo social e buscar afeto se resume a mensagens instantaneas envidas a desconhecidos, e rostos anonimos podem ser vistos a todo momento.
A dependencia de toda uma vida social resumida em alguns kilobites.
Uma realidade ligada em redes, virtualmente existente, virtualmente irreal.
Eletronicamente viva, realisticamente moribunda.
Totalmente dependente da eletronica para viver.
Se faltar energia eletrica, o que acontecerá?

J2ML