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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Em tempos de crise de crédito...

Em tempos de crise de credito, nada mais certo do que falar em cofre.
Todo ser humano economicamente ativo pensa logo de cara em poupança para essas situações.
Na manhã de um dia destes, fui obrigado a pensar em poupança, durante quase toda a manhã.
Não exatamente em poupar, mas no cofre em si.
Um cofrinho.

Nunca gostei de usar uniformes escolares. Só percebi isto depois que terminei o colégio e fui parar numa faculdade. Foi um impacto muito forte quando vi um patio de Campus cheio de tipos diversos de moda. Eu não tinha noção de qual era meu estilo de vestuário até ver todos aqueles seres desfilando suas adaptações de estilo e personalidade nos patios das faculdades (tá certo que alguns já davam a definição do grupo em que andavam, do que faziam, qual curso preferiam, que especie de entorpecente traficavam, quando iriam largar os estudos, etc. através do estilo de vestuario, mas...).

Não fiz moda, graças... Na verdade tenho neura com essas frescuras de tendencia, ultimo tipo e aquelas babaquices de "todo mundo tá usando". Papo de rebanho, eca... Aguns estilos eu até gostava, apreciava. Descobri nessa epoca que mulher fica, alias, bem em qualquer estilo, se souber se arrumar; aí descobri também que tem mulher que não sabe mesmo se arrumar.
Homem só segue a mudança de estilo. Acho que nem percebemos quando mudamos a roupa. O interesse em nós deve falar mais alto, discutindo com a comodidade em altos brados quando o caso é roupa pra vestir (eis a necessidade que temos de mães, irmãs, namoradas, amigos gays(?), pra escolher roupas...).

Pouco depois da minha entrada no ensino superior, e da minha adaptação aos desfiles e mudanças constantes de moda, surgiu uma moda estranha; uma moda que unia tendencias de vestuario com tendencias de comportamento. Era a moda do Cofrinho: as pessoas agora deixavam as calças propositalmente baixas para aparecer o cofrinho.
Isso era uma coisa costumeira masculina, no meu ponto de vista. Entre homens isso chegava a ser normal de se ver, ainda mais tendo amigos que passavam um pouco do peso; mas a gente nunca prestava atenção nisso. Era cofrinho de homem. Era feio. No máximo uma zoação e só, ou um aviso ao colega pra apertar o cinto...

Mas em mulheres eu no principio achei meio repugnante. É diferente, e eu não conseguia apreciar essa moda. De certa modo ela sempre existiu, desde que elas começaram a usar calças, porque sempre tinha algumas que deixavam aparecer quando se sentavam ou se agachavam. Mas o que aparecia era a calcinha, sempre a calcinha. E essa, pra mim, era a graça; havia algo a observar, apreciar: a cor, o tipo, o tecido, a calcinha em si chamava a atenção tanto quanto a dona. O campo para imaginar coisas era maior. Ainda havia uma barreira no caminho que, não transposta, nos permitia inumeras conjecturas.

Aí vem a moda do cofrinho e arrasa esta barreira. Põe por terra, ou melhor, some com ela. Passou-se a ver diretamente atraves dela. Fim da graça (Pareceu até teologia essa frase...).
E eu nunca achei legal ver direto o principio da bunda da mulher. Nem pela marquinha de bikini que ela deixava aparecer (que foi a moda seguinte, aliás). Pra mim ainda parecia com a bunda de homem (na verdade, pra mim, era a calcinha que fazia o diferencial todo da cena). Não havia nada de novo que eu pudesse acrescentar ao repertorio erotico da humanidade (uau, essa agora...).

Mas o que ocorreu neste sábado, então? Pois bem, voltemos.
Eu faço um cursinho durante a semana, de lingua estrangeira. Sempre faço algum. Gosto dessas coisas, um pouco por ter a ver com meus estudos. Um dia desses eu chego, como sempre, atrasado uns 10 minutos. Nunca chego antes ou na hora certa. Assim é mais facil achar lugar, porque não tenho que pensar muito, é só ir e sentar no lugar que eu achar de cara. Fiz isso.
Sentei, arrumei minhas coisas, larguei a mochila, tirei o caderno e me arrumei na cadeira. Aí eu vi.
Vi o cofrinho.
Vi um belo cofrinho.
Vi um pequeno, simples e belo cofrinho. E fiquei vendo acho que por alguns minutos até me tocar que não era bom eu ficar tanto tempo olhando para ele.
A dona do cofre era bem bonita. Gostei dessa ultima sala de curso porque tinha uma quantidade mulheres bonitas de diferentes idades. Essa era nova, uns 20 anos. Tinha ido naquele dia com uma calça jeans de cintura baixa, e embora não fosse seu melhor atributo, tinha uma bonita bunda.
Tá, mas isso naquele momento não me vinha ao caso. Já disse que não fui fã dessa moda de cofrinho, e a primeira reação racional que tive foi desprezar aquilo que eu via. Virei então a cara e procurei prestar atenção na aula.
E eu conseguia? Nada. Aquele cofrinho estava convincente demais. E a dona dele parecia que queria insinua-lo, constantemente mexendo o traseiro na cadeira.
Juro que era demais. E creio que ela fazia sem querer. Mas aquilo tomou minha concentração. A aula era o cofrinho. O professor era o cofrinho. O tema era o cofrinho. E só o que ficou na minha mente foi o cofrinho.

Nossa...mas que cofrinho era.

E que aconteceu? Aconteceu que ao final da manhã a aula acabou, e como no fim de um pregão de bolsa em queda, eu vi aquele cofrinho sumir quando sua proprietária o sacou ao erguer os fundos da carteira.
Naquele momento, percebi que deveria começar a ser menos restritivo quanto às minhas opções de investimento.
Afinal, estamos em crise. Melhor é aproveitar e encher o cofrinho.

Nino Srat

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