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No portão:

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Preto:


Preto.
Era preto.
Bem preto.
Disso eu nunca esqueci.
Era muito preto.
Bem escuro.
Negro.
Todas as cores deste mundo em algo pequeno, redondo.
E preto.
Era um preto muito preto.
Demais de preto.
Era um preto tão preto que o preto deste preto brilhava um brilho preto.
E é este brilho preto que havia no fundo do preto que me fascinou.
E eu nunca mais esqueci de quando o vi.
Já vai longe, mas aquele preto era único...
É único.
Jamais vi preto igual.
Era um preto tão preto que eu me perdi nele.
E eu só queria ver este preto de novo.
E deixar, dessa vez, ele me levar com ele.
E tirar de mim este preto que é só lembrança.

J2ML

domingo, 21 de dezembro de 2008

Eis a origem do mundo!! Parte 1


Calma pervertidos, esse é o título do quadro abaixo: A origem do mundo - Gustave Courbet - 1866.


Eis, senhores, a origem do mundo!
Aqui tudo se origina, daqui todos saem.
Um mesmo principio, uma mesma origem.
A porta de entrada de toda a humanidade,
o principio da criação.
A fábrica da continuidade, da raça, do povo.
A geradora do futuro.
A causa de todos os nossos bens,
e todos os nossos males.
O portão onde se bate para entrar,
E se sai sem pedir licença.

Nino Srat.
Descendo...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Efemérida:

Ela cruzou meu caminho quando eu não esperava.
E naquele momento tudo em mim despertou.
Olhar pra ela era tudo que eu sabia fazer.
E depois que estes olhares se encontraram, nem isso mais eu conseguia.
Eu fui atrás dela. Não queria que isso se acabasse assim.
Seguia ela de longe, devagar. Mas ela sumiu...
Não podia conter minha decepção. Pensei ter perdido algo muito importante.
Era como se daquele momento em diante nada mais teria sentido em minha vida...
Foi uma paixão tão forte, tão instantânea...
E eu tentei manter esta sensação o máximo possível dentro de mim.
Lutei para não esquecer o mínimo detalhe daquela mulher: do penteado do cabelo até o calçado que ela usava; o que ela estava lendo, a roupa que usava, a cor dos olhos, do cabelo, as pintas da pele, o cheiro.
Custei a dormir neste dia, e quando afinal fechei os olhos, pensava apenas nela...
Acordei no dia seguinte sem a menor lembrança do que ela era.
E nem tento trazer de volta sua memória, porque sei que não conseguiria.
E também, talvez, porque o que ela era, agora, já não me faz mais sentido algum...

Nino Srat
P.S.: Muito tempo sem postar,né?