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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Explicando minhas relações com a UMP em geral:

Esse post vai soar mais como um desabafo do que qualquer outra coisa. A intenção nunca foi esta.
É uma forma de explicar minhas ultimas atitudes em relação a todo e qualquer trabalho na igreja.
Embora eu não tenha a obrigação de explicar nada a respeito disto, pois não devo nada a igreja e nem a ninguém.

Pra inicio, lembro algo que todos proximos a mim sabem: não sou presbiteriano, não no sentido de se-lo antes de ser cristão. Nunca concordei totalmente com suas ideias, seu sistema, sua cadeia hierarquica e suas tradições que ultimamente tem sido tão cultuadas por sua liderança.

Sendo assim, sempre me mantive a distancia do discurso institucional. Isso era bom, a partir do momento em que eu exercia alguma função na sociedade interna, pois me mantinha concentrado em fazer as programações funcionarem, cumprindo com a minha palavra dada ao receber estes cargos. O lado ruim é que no momento em que eu via o discurso institucional ultrapassar a Palavra eu sentia desgosto de estar onde estava, e me desanimava. Aí eu trabalhava menos.

Passei a ultima decada esperando motivos para me 'apegar' à ipb. Não os tive. Apenas tive momentos de gosto e desgosto, coisa que eu provavelemente sentiria em qualquer instituição religiosa, não apenas na presbiteriana.

Quando enfim vi que a vida cristã não necessitava de uma afiliação institucional à igreja, estava a meio caminho de optar pela saída pelos motivos errados. Foi tempo de me corrigir e aparar pontas de uma ideia que sempre cresceu em meu intimo, mas que ainda não está formada, e que não tenho como expressa-la aqui. Mas foi uma ideia que me segurou ainda uns instantes na igreja para perceber o que realemente é relevante para o convivio entre cristãos em um mesmo local.

Eu sei que até agora expliquei meio por alto e estou deixando muita coisa no ar sem explicar. Mas é que todo este historico não importa agora. O que venho explicar são as reações dos ultimos 10 meses, por volta disso:

Primeiro, deixei de recitar motos e cantar hinos de sociedade interna faz muito tempo. Não os fazia mais na UPA (lembro que a cada programação eu recitava um versiculo diferente, mas nunca citava o moto). Por mais valor que suas letras tenham, e por mais que eu concorde com muto do que é cantado, não me sentia à vontade em 'seguir as ovelhas'.

Segundo, sei que por algumas vezes deixei minha posição neutralista e passei à uma oposição ferrenha de seu sistema. Me deixei levar pela raiva algumas vezes, por alguns rancores e pelo ódio. E disso me arrependo. Várias vezes sofri com a maldição de Cassandra, por prever falhas neste sistema e não ser ouvido, supostamente, até que estas ocorressem. Não sou profeta, apenas pessimista, e infelizmente prevejo um momento em que a IPB verá algumas de suas tradições como muro para o progresso da Boa Obra. E aí haverá um momento de escolha, e este momento eu prefiro não fazer previsão sobre a decisão (na verdade isso já ocorreu uma vez na historia da ipb, entre 1962-1968).

Terceiro, ocorreu algo que ocorre a alguns da minha idade (embora não a todos): O mundo em que antes viviamos encolheu. Surgiu a necessidade de sair um pouco, abrir portas, experimentar opções antes inexistentes, conhecer novas pessoas e, por fim, derrubar algumas barreiras que a igreja e seu discurso assustado introduzem em nossas mentes e corações. Infelizmente alguns dos que chegam à minha idade se perdem por não terem recebido a instrução essencial na igreja, apenas a moralista, que é insuficiente para a sobrevivencia da fé neste periodo de nossas vidas. No meu caso, a mão divina evitou meu mal nos momentos de minha fraqueza. E tem evitado até agora. No caso de alguns que eu conheço, que foram mais longe e tiveram menos cuidado, tenho que dizer que lamento menos por eles, e mais pela propria igreja, que tem ainda a ideia de moral e bons costumes como centro da vida cristã, e não é capaz de receber de volta aos que erram e tentam retornar em busca de socorro.

Quarto, e o que tem sido mais problematico: Meu sumiço lento e gradual foi por questão de liderança. O peso de ter sido liderança muitas vezes me veio no momento de sair. O medo de que alguém me seguisse, pelo caminho que apenas eu consigo trilhar, me reteve muitas vezes. Os que infelizmente me seguiram eu procurei lançar de volta ou envia-los a algum lugar que não os afastasse da Palavra. Alguns no entanto sairam junto comigo ou mesmo antes de mim, e tem motivos diversos aos meus para sair, e de fato estão seguindo um outro caminho. Estes eu ainda auxilio quando posso, mas quanto a eles minha consciencia está tranquila.

Por ultimo, quero explicar que muita coisa está por tras dos meus motivos: é meu desejo anarquista; minha eterna incompreensão de um sistema hierarquico que preza o poder antes do amor, na maior parte das vezes, e que leva à corrupção da alma, principalmente; é um pouco a minha vaidade por conhecimento, por acabar sabendo mais que os outros e vendo mais que os outros; é em parte minha revolta com os "caçadores de bruxa" da minha geração, que infelizmente alguns ajudei a formar, e seu fanatismo que não permite argumento e só esbanja arrogancia. É minha luta constante para perdoar aqueles que me fizeram mal, uma luta já longa e cujo fim está distante. Em resumo, é a luta por manter a individualidade no "corpo" cristão (sem esquecer ainda que a salvação é individual), luta às vezes necessaria, e mais vezes desnecessaria.

É tudo isto de mim, e é cada vez mais menos disto de mim...

Para finalizar, uma frase que um amigo inesperado me mostrou, que muitas vezes tem me posto de volta nos trilhos D'Ele: 'Não se vai à igreja, se É Igreja'.

J2ML

Um comentário:

  1. Tudo o que disse, acredito, é mais do que sentido por uma parcela significativa da Igreja. Mas a maioria não deve nem entender o que sente. É aí que se perdem justamente por não perceberem que "Não se vai à Igreja, se É a Igreja".

    Como você escreve maravilhosamente bem!

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