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sábado, 12 de junho de 2010

Mochila Xadrez:

Poderia ter sido uma daquelas trocas de olhares de fortes vibrações, que agitam o interior da gente e nos deixam temporariamente sem ação, de tão intensa que são.

Mas não foi. Eu pressenti e desviei o olhar.
Eu preferi não ter mais aquela preocupação no meu dia. Parte da minha reação também foi por medo - nunca sabemos o que pode se tornar situações assim - e pela simples falta de curiosidade.

Eu avi apenas de relance, antes de deixar o ambiente. Só pude reparar que ela era bonita, mas como olhei mesmo bem de relance, não pude memorizar quase nenhum detalhe dela.
Só reparei na grande e pesada mochila que ela levava nas costas: Uma mochila de pano xadrez.

Este objeto acabou assombrando minha memoria. Quando finalmente a curiosidade bateu à minha mente, nenhum traço daquela garota foi trazido à tona. No entanto, a mochila surgia em seu lugar, detalhada com tanta perfeição em minha memoria que chego ainda a me lembrar de seus rasgos e desfios de costura, e a que altura do fecho eclair sua dona a deixava aberta.

Da dona da mochila mesmo, nem a vaga lembrança de ombros que a carregassem eu tinha. Nada que pudesse saciar a curiosidade tardia. E esta lembrança me assolaria pelos dias consecutivos, conforme eu ia percebendo que estava sendo castigado pela minha propria memoria por ter me recusado a prestar atenção atenção no ser que olhou para mim por alguns segundos.

E essa penitencia duraria ainda mais algumas semanas, e eu para fugir dela buscava desesperadamente encontrar aquela mochila novamente, para enfim ver sua dona e me livrar deste fantasma de dorso que perseguia meus pensamentos.

J2ML

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