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domingo, 25 de setembro de 2016

Luar fora do céu:

Era plena luz do dia e eu estava admirando a lua. Era lua crescente - no hemisfério sul em que estava -, fina, quase perfeita. Uma lua daquelas que desviam o olhar do marujo sobre o mar à noite.
E desviava exatamente igual o meu olhar, em plena luz do dia.

Eu segui aquela lua por alguns instantes, fixamente, como um lobo deve fazer antes de uivar para ela.
E esse astro habitava um céu lindo, cor de pele, porém finito. Logo acima dessa lua havia uma imensidão de negros pelos longos, que de tempos em tempos - em fases como uma real lua - podia ocultar parcial ou completamente esse astro não tão celeste assim.

E eu, que por sorte tinha aquela lua a descoberto, estava admirando-a como muitos homens - desde poetas a desbravadores - já fizeram antes, desde tempos vindouros.
Mas esta era diferente: não era a mesma lua de todos os seres da Terra. Aquela lua era única, Singular. E não era fria e distante, quase intocável. Era quente. E estava a um metro de distância de mim. Podia ser tocada, cheirada, beijada.
  
Mas essa lua também era quase intocável.

E conforme eu caminhava, o corpo - celeste? - em que esse astro habitava ia se afastando, em direção oposta.


J2ML

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